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quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

Jean-Claude Juncker "Pecámos contra a dignidade da Grécia e de Portugal

Jean-Claude Juncker

O Presidente da Comissão Europeia fez esta quarta-feira um ‘mea culpa’ por causa das políticas de austeridade seguidas em países como Grécia, Portugal ou Irlanda. O sucessor de Durão Barroso disse ainda que é preciso retirar "as lições da história e não repetir os mesmos erros".

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Ao nível das instituições europeias, alguém começou recuperar o bom senso, ao reconhecer o "vandalismo financeiro" que varreu os povos do sul da Europa, espalhando a fome, a miséria e provocando uma enorme angústia às pessoas. Mas não basta, apenas, reconhecer os erros praticados, que, parece, não resolvem o problema central do endividamento de Portugal e da Grécia, induzido pelos grandes financeiros dos países ricos.
É necessário parar! É necessário, rapidamente, corrigir a rota, inicialmente traçada. A Comissão Europeia não pode comportar-se como se tratasse de um conselho de administração de um grande banco, nem o Conselho Europeu pode assemelhar-se a uma assembleia geral de acionistas, valorizando apenas os números, as estatísticas e o dinheiro. Como instituições políticas que são, devem enquadrar as suas decisões e as suas ações, olhando para os interesses das pessoas. É imperdoável que, na Europa, centro civilizacional avançado, e em pleno século XXI, sejam decretadas medidas que retirem direitos adquiridos aos cidadãos e conduzam a situações desesperantes de miséria. As situações de carências alimentares e a falta de cuidados de saúde já afetam milhões de pessoas, nos dois países. É uma autêntica barbárie! Por isso, não basta o reconhecimento da gravidade da situação e o arrependimento pelos erros colossais cometidos. É preciso emendar a mão e decretar o fim da austeridade. É necessário renegociar e reestruturar a dívida, para que ela seja sustentável. E, acima de tudo, é necessário recorrer ao método Keynesiano de ser o Estado a liderar o investimento e a economia e não o capital financeiro, que apenas está interessado em promover uma economia apoiada na dívida e na especulação. A Grande Crise dos EUA de 1929/1932 foi resolvida, optando-se por aplicar a doutrina de Keynes. O Estado assumiu a iniciativa do desenvolvimento, através do investimento público, o que gerou rapidamente emprego para os milhões de desempregados existentes. Aplicar medidas de austeridade a quem já estava a sofrer a austeridade desencadeada pela crise, seria uma catástrofe social.
Se nada não for feito na Europa, que não absorva o desemprego estrutural e promova o desenvolvimento económico, de nada valerá chorar lágrimas de crocodilo. Lágrimas, já bastam as nossas!...
AC.

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