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sábado, 30 de novembro de 2013

Os velhos: não é possível exterminá-los?

Quadrilha mafiosa

Mas, mesmo que desapareçam como as figuras menores que realmente são [Passos Coelho e Paulo Portas], vão deixar estragos muito profundos no tecido já de si muito frágil da nossa vida colectiva, cavando fundo divisões e conflitos, destruindo o pouco de humanidade social que algum bem-estar tinha permitido. Eles estão, como as tropas romanas, a fazer no seu Cartago, infelizmente no nosso Portugal, o terreno salgado e estéril. Pode-se-lhes perdoar tudo, os erros de política, a incompetência, o amiguismo, uma parte da corrupção dos grandes e dos médios, menos isto, este salgar da terra que pisamos, apenas para obter uns ganhos pequeninos no presente e com o custo de enormes estragos no futuro.
José Pacheco Pereira
Historiador
In PÚBLICO (ver aqui o texto na íntegra)
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Já não é apenas o mar que é salgado! É também a terra, que nos sustenta, e que vai ficar estéril e vandalizada.

Agradecimento...


Agradeço a Amélia Santos e a Cooliveira  a amabilidade de terem aderido ao Alpendre da Lua, como amigos/seguidores.

O que tem a privatização dos estaleiros de Viana de inédito?

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OS Estaleiros Navais de Viana do Castelo foram fundados a 04 de junho 1944, no âmbito do programa do Governo para a modernização da frota de pesca do largo e chegaram a empregar, de forma direta, cerca de dois mil trabalhadores, tendo construído mais de 220 navios de todos os tipos em 69 anos de atividade. O editor adjunto de Política do DN, João Pedro Henriques, fala sobre a subconcessão.
Esta empresa pública, nacionalizada em setembro de 1975, conta hoje com 609 trabalhadores e a administração vai avançar com um plano amigável de cessação dos contratos que custará mais de 30 milhões de euros em indemnizações, a assegurar com recursos próprios, públicos, e a concluir até janeiro.
Pela subconcessão, o grupo Martifer pagará ao Estado 415 mil euros por ano, envolvendo a mesma exclusivamente a utilização dos terrenos, edifícios, infraestruturas e alguns equipamentos afetos.
Diário de Notícias

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Trata-se de um grande negócio para a Martifer, que assim se libertou do encargo de herdar os trabalhadores, sem qualquer custo.
Não faltou criatividade a este governo, para inventar mais uma nova fórmula para aplicar às privatizações dos bens públicos.
Vamos ver o que se segue.

Definição de Burrice...


Andam alguns, mais angulosos de pensamento, afanosamente à procura de uma definição universal de "burrice"! E aqui está mais uma.

sexta-feira, 29 de novembro de 2013

As vítimas inocentes da austeridade da Troika...


Mamã!... Leva-me para casa! Eu prometo que não volto a ter fome…

Aconteceu na Grécia!! MAS ESTÁ PRESTES DE ACONTECER EM PORTUGAL!!!A menina e as irmãs estavam num orfanato porque a mãe não conseguia alimentá-las. Quando as pôde ir visitar, na hora da partida a mãe foi embora com o coração destroçado. Quantos mais crianças terão de passar fome? Quantos mais corações terão de ser destroçados? E cá já estamos a ficar assim. Quem coloca um sorriso nas nossas crianças e lava os corações das mães?!! Pois é , dá que pensar....e será que com isto conseguem dormir...AJUDEM-NOS A AJUDAR POR FAVOR! Boa Noite.
Sonia Bernardo

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Dramático! Tarda em ocorrer o sobressalto das consciências!...

Jornal New York Times compara portugueses a... burro mirandês


O jornal norte-americano The New York Times, naquela que é a sua edição internacional, comparou os portugueses ao burro mirandês. Isto porque, de acordo com aquela publicação, esta raça retrata a situação do País: o seu papel foi essencial durante anos, mas agora está em risco de extinção e vive dependente de verbas da União Europeia.
“Não é fácil ser um burro hoje em dia”. É assim que começa o texto publicado na quinta-feira no The New York Times, que se refere à extinção do burro mirandês.
De acordo com aquela publicação norte-americana, a situação vivida em Portugal é semelhante ao destino da raça. Isto porque, apesar de o animal ter sido essencial durante séculos no sector agrícola, está actualmente em vias de extinção devido à desertificação do interior do País, dependendo de apoios externos para evitar o pior.
Segundo está escrito no artigo, “depois de décadas de negligência e mal-entendidos, argumentam alguns, o destino do burro veio a assemelhar-se ao dos seus homólogos humanos no interior da Europa em dificuldades: ameaçados pela população em declínio e dependentes dos subsídios da União Europeia para sobreviverem”.
Além disso, “como os jovens continuam a deixar as áreas rurais e a deslocar-se para as cidades, os burros estão a ser ameaçados também porque os onze agricultores que cuidavam deles estão a ficar velhos demais para o continuar a fazer”.
No texto assinado pelo jornalista Raphael Minder, que se deslocou até à Paradela, lê-se ainda que “o grande e dócil burro mirandês é considerado uma espécie ameaçada desde 2003”, mas isso não impediu que fosse substituído “pelo tractor e equipamento agrícola mais moderno”.
Notícias ao Minuto

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E não é que isto até começa a ser verdade!...
Estas notícias escandalizam-me cada vez menos...

quinta-feira, 28 de novembro de 2013

Tsipras quer avançar com uma “frente antiausteridade” para as europeia



Líder do Syriza vai ser candidato à Comissão pela Esquerda Europeia e pretende travar “catástrofe económica”.

É contra os “fanáticos do neoliberalismo” e para acabar com a divisão entre ricos e pobres na Europa que Alexis Tsipras, o líder da coligação de esquerda radical grega Syriza, quer avançar com uma “frente antiausteridade” nas próximas eleições para o Parlamento Europeu (PE), em Maio de 2014.
Num artigo de opinião publicado esta quinta-feira no The Guardian, Tsipras assume a candidatura à Comissão Europeia, que deverá ser ratificada no congresso da Esquerda Europeia, em Madrid, no próximo mês. “Eu vou candidatar-me à presidência da Comissão Europeia pelo partido da Esquerda Europeia, e essa decisão é motivada pelo desejo de reunir a Europa e reconstruí-la sobre uma base democrática e progressiva”, revelou Tsipras.
Referindo-se em primeiro lugar à “catástrofe económica e humanitária sem precedentes” que se abateu sobre a Grécia, Tsipras sublinhou que “a tragédia humana” não se limita ao seu país. “Europa fora os salários foram reduzidos e o Estado social recuou a uma velocidade sem precedentes no pós-guerra”, sustentou.
“Fanáticos do neoliberalismo viraram do avesso a vida das pessoas normais. As suas políticas de ajustamento servem um modelo de governação económica que transfere o risco para os ombros dos trabalhadores e dos jovens”, afirmou Tsipras. As lideranças europeias são consideradas “hipócritas” pelo líder do principal partido da oposição na Grécia, que alerta para “a crescente crise de confiança na União Europeia (UE) na catastrófica subida de popularidade dos partidos de extrema-direita”.
O nome de Alexis Tsipras como candidato à Comissão Europeia foi proposto pela Conferência de Líderes do Partido da Esquerda Europeia, que se reuniu no mês passado. O congresso, que vai decorrer em Madrid entre 13 e 15 de Dezembro, deverá confirmar a sua candidatura.
Alexis Tsipras tornou-se num dos rostos mais conhecidos da esquerda radical europeia quando o Syriza ficou em segundo lugar nas eleições legislativas de 2011, ultrapassando o Pasok (Partido Socialista, centro-esquerda).
O novo presidente da Comissão será escolhido pelos chefes de Estado ou de governo da UE em Junho de 2014 e confirmado por um voto do PE que sair das eleições europeias de 22 a 25 de Maio. Com as reformulações introduzidas pelo Tratado de Lisboa, o PE ganha mais peso no processo de decisão do presidente da Comissão, pelo que os partidos europeus são encorajados a apresentar um candidato à sucessão de Barroso.
Até agora apenas o Partido dos Socialistas Europeus confirmou que vai avançar com Martin Schulz, actual presidente do PE e membro do Partido Social Democrata alemão. Este mês foi também anunciada uma aliança de partidos eurocépticos, liderada pela Frente Nacional, de Marine Le Pen, e pelo Partido da Liberdade holandês, de Geert Wilders, que têm o objectivo de criar um grupo parlamentar europeu.

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Alexis Tsipras, o líder carismático grego, já nos disse o que não quer. Fez o diagnóstico correto da situação, que nós já sabemos. Falta-lhe dizer o que quer e prescrever a terapêutica, o que é mais difícil, principalmente para quem ainda não compreendeu que o problema está no euro.
Neste particular, até se parece com António José Seguro.

Eclipse sem amor!...Quanto tens, quanto vales, nada tens, nada vales!

Eclipse sem amor

Quando falamos de politica, de economia, da crise e do Estado Social, normalmente, procede-se a uma análise holística, considerando a plenitude da realidade integral, o que é necessário, mas omitindo-se uma outra abordagem, que se apoia na noção de que o todo é a soma das partes.
Numa recente intervenção minha, num outro espaço, a propósito das políticas assassinas que estão a ser desenvolvidas, tendo como alvo os idosos pobres e remediados, recebi uma missiva de uma leitora, a colocar a questão numa outra perspetiva, que não deixa de ser pertinente e verdadeira, e que eu, como causa, remeto para a cultura de egoísmo, que o sistema foi inculcando nas pessoas.
Trata-se de um grito, que nasceu do silêncio da solidão. É um protesto sentido, ao qual eu quero, aqui, dar amplitude e ressonância. Estes testemunhos individuais são muito importantes, se, no meio de toda a nossa racionalidade e intelectualidade, quisermos perceber o que está a passar-se no nosso país.


Eis o texto:

Caro Alexandre:
Pois eu sinto mais que tristeza, vergonha e revolta.
Fui atirada para a mais completa miséria pela falta de valores morais de algumas pessoas e pela doença que ando a combater faz anos.
Hoje vejo-me sem nada, doente e desgastada e, pior que tudo, rodeada de gente  mais que ignorante, pois é gente sem formação e sem valores humanos.
Fala-se muito de povo, mas eu, que vivo no meio desse povo, tenho visto do que são capazes.
Pouca ou nenhuma solidariedade, pouca ou nenhuma noção do que são direitos humanos, muita indiferença pelo sofrimento alheio, muita arrogância misturada com o egoísmo puro e duro.
Só para ter noção do que falo, no prédio onde resido (prédio camarário) eu e a senhora, que mora no andar por cima de mim, ambas temos dificuldades motoras.
Na entrada do prédio existem umas escadas e um espaço útil suficiente que daria para a construção de uma rampa suave para a entrada do prédio.
Este edifício que tem mais de 40 anos, não tem elevador.
Quer eu quer a minha vizinha somos quase prisioneiras, nas nossas casas.
Pois na terça feira passada, durante a reunião de moradores do prédio com a representante da Câmara, falei sobre a hipótese de se construir a tal rampa suave para nos ser menos difícil o acesso, já que temos ainda de subir as escadas interiores do prédio, embora no interior exista um corrimão que nos auxilia um pouco.
Resposta de uma das moradoras (residente no rés do chão): era o que mais faltava! Já agora porque é que não pede também um elevador? Suba as escadas que só lhe faz é bem. Não se vai construir uma rampa só por causa de uma ou duas pessoas!
Respondi-lhe: E porque não? Porque você tem hoje duas boas pernas para subir dois lances de escada, mas amanhã mesmo pode acontecer-lhe ficar agarrada a uma cadeira de rodas e nessa altura quero vê-la a pedir ajuda a alguém e a receber de resposta que não tem direito algum a sair de casa.

É com este "povo" com que eu sou confrontada todos os dias.

Hoje mesmo nos CTT's, uma senhora achou por bem sentar-se ao meu lado num dos bancos e empurrar-me de tal maneira que quase me fazia cair ao chão.
Nem mesmo vendo-me de bengala se deu ao trabalho de procurar um lugar onde sentar-se sem me atropelar.
Empurra-se um doente para a valeta, não se pára nas passadeiras, se estiver a chover somos literalmente banhados em água suja pelos condutores, reclama-se se alguém com mobilidade reduzida demora a atravessar a passadeira de peões, não se dá lugar nos transportes públicos, reclama-se de tratamento prioritário a deficientes motores e invisuais, estacionam-se os carros nos lugares marcados para deficientes, goza-se com a desgraça dos que caíram na miséria por culpa das belas reformas do estado social e não se ajudam os mais carenciados de forma a preservar a nossa dignidade.

Da distribuição de "ajuda alimentar" nem falo, porque aquilo que assisto e sofro na pele é de tal forma gritante que, se começar a descrever, dava, não um filme, mas um seriado.

Enfim.

Já antes de mim, um senhor que dava pelo nome de Vitor Hugo, escreveu uma bela obra que representa e bem o que é o povo na sua real veracidade. A obra chama-se "Os miseráveis" e nela vê-se o retrato do que é o povo-povo, produto de uma sociedade onde o único valor é o do capital.

Quanto tens, quanto vales, nada tens, nada vales!

Dignidade, direitos humanos, solidariedade, são tudo palavras muito bonitas, mas não passam disso: palavras.

Faltam actos, faltam valores e falta acima de tudo empatia e noção de que para se cair na pobreza total, basta um segundo!
LS

sábado, 23 de novembro de 2013

Momento dramático na Ópera de Roma, durante a exibição da Ópera Nabuco, de Verdi, dirigida por Ricardo Mutti

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MOMENTO DRAMÁTICO NA ÓPERA DE ROMA

No dia 12 de março de 2011, a Itália festejava os 150 anos da sua unificação, ocasião em que a Ópera de Roma apresentou a ópera Nabuco de Verdi, símbolo da unificação do país, que invoca a escravidão dos Judeus na Babilónia, uma obra não só musical mas, também, política, à época em que a Itália estava sujeita ao império dos Habsburgos (1840).

A apresentação era dirigida pelo maestro Ricardo Mutti.

Antes da apresentação o prefeito de Roma, Gianni Alemanno - ex-ministro do governo Berlusconi, discursou, protestando contra os cortes nas verbas da cultura, o que contribuiu para politizar o evento.

Como Mutti declararia à TIME, houve, logo de início, uma ovação incomum, clima que se transformou numa atmosfera de tensão quando se iniciaram os acordes do coral «Va pensiero» o famoso hino contra a dominação.
«Há situações que não se podem descrever, mas apenas sentir; o silêncio absoluto do público, na expectativa do hino; clima que se transforma em fervor aos primeiros acordes do mesmo; a reação visceral do público quando o coro entoa - 'Ó minha pátria, tão bela e perdida'».

Ao terminar o hino os aplausos da platéia interrompem a ópera e o público manifestou-se com gritos de «bis», « viva Itália», «viva Verdi». Das galerias são lançados papéis com mensagens políticas.

Não sendo usual bisar durante uma ópera, e embora Mutti já o tenha feito uma vez em 1986, no teatro La Scala de Milão, o maestro hesitou, pois, como ele disse, depois: «não cabia um simples bis; havia de ter um propósito particular».

Dado que o público já havia revelado o seu sentimento patriótico, o maestro voltou-se no púlpito e encarou o público.
Fazendo-se silêncio, pronunciou-se da seguinte forma, ao mesmo tempo que reagia a um grito de «longa vida à Itália» disse:

RICCARDO MUTTI: «........Sim, longa vida à Itália mas ... [aplausos]. Já não tenho 30 anos e já vivi a minha vida, mas como um italiano que percorreu o mundo, tenho muita mágoa do que se passa no meu país. Portanto aquiesço ao vosso pedido de bis para o Va Pensiero. Isto não se deve apenas à alegria patriótica que senti em todos, mas porque nesta noite, enquanto eu dirigia o coro que cantava 'Ó meu pais, belo e perdido', eu pensava que, a continuarmos assim, mataremos a cultura sobre a qual assenta a história da Itália. Neste caso, a nossa pátria, será verdadeiramente 'bela e perdida. (aplausos retumbantes, incluindo os dos artistas em palco) Reina aqui um 'clima italiano'; eu, Mutti, falei para surdos durante longos anos, gostaria agora.... nós deveríamos dar sentido a este canto; como estamos em nossa casa, o teatro da capital, e com um coro que cantou magnificamente, e que é magnificamente acompanhado, se for de vosso agrado, proponho que todos se juntem a nós para cantarmos juntos.... "A tempo"...»

Foi assim que Mutti convidou o público a cantar o Coro dos Escravos.
O público levantou-se. Toda a ópera de Roma se levantou... O coro também se levantou. Foi um momento magnífico na ópera! Vê-se, também, o pranto dos artistas.

Aquela noite não foi apenas uma apresentação do Nabuco mas, sobretudo, uma declaração do teatro da capital dirigida aos políticos.

Va Pensiero

Va', pensiero, sull'ali dorate.
Va', ti posa sui clivi, sui coll,
ove olezzano tepide e molli
l'aure dolci del suolo natal!
Del Giordano le rive saluta,
di Sionne le torri atterrate.
O mia Patria, sì bella e perduta!
O membranza sì cara e fatal!
Arpa d'or dei fatidici vati,
perché muta dal salice pendi?
Le memorie del petto riaccendi,
ci favella del tempo che fu!
O simile di Solima ai fati,
traggi un suono di crudo lamento;
o t'ispiri il Signore un concento
che ne infonda al patire virtù
che ne infonda al patire virtù
al patire virtù!

Da ópera nabucco de Verdi

Vá, pensamento, sobre as asas douradas
Vá, e pousa sobre as encostas e as colinas
Onde os ares são tépidos e macios
Com a doce fragrância do solo natal!
Saúda as margens do jordão
E as torres abatidas do sião.
Oh, minha pátria tão bela e perdida!
Oh lembrança tão cara e fatal!
Harpa dourada de desígnios fatídicos,
Porque você chora a ausência da terra querida?
Reacende a memória no nosso peito,
Fale-nos do tempo que passou!
Lembra-nos o destino de jerusalém.
Traga-nos um ar de lamentação triste,
Ou o que o senhor te inspire harmonias
Que nos infundam a força para suportar o sofrimento.

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No meio desta manifestação de um entusiástico patriotismo, em ligação com a cultura e com a História, que me emocionou, também eu quero pronunciar o meu lamento, pelo meu país e pelo povo a que pertenço:
Oh, minha pátria tão bela e perdida!

sexta-feira, 22 de novembro de 2013

Anotação do Tempo: Os pés de Dante

salvador-dali ! three-sphinxes-of-bikini

Os pés de Dante (**)

Ao meu sobrinho João (*)

As estrelas cantaram
quando os homens as inventaram
pelo olho de telescópios dourados
pousados nos telhados.
Cantaram e dançaram contra as nuvens da noite
que rasgaram com a sua luz cósmica.
E o mais pequeno átomo daquela poeira incandescente
ficou na tua mão, acabada de se desprender do céu,
onde seguravas todas as luas dos planetas.
Subiste todas as escadas das várias equações
que para ti eram ainda poemas de Dante
quando ele saltitou pelas brasas do inferno,
como se andasse a pisar uvas.
E aquele átomo iluminou-te por dentro
e abriu todos os livros dos Sábios
ao teu encantamento
e tu, por um momento,
pensaste que tinhas chegado ao firmamento das galáxias
e começaste a contar as estrelas,
uma a uma
como se fossem grãos de areia de um deserto.
E as tuas mãos saltitavam como os pés de Dante…

Alexandre de Castro

Lisboa, Outubro de 2013

(*)   No seu Doutoramento

(**) Título inspirado no título de um poema de Maria Azenha,
        "Num sapato de Dante".

Humor: Senhora comenta o Suecia Portugal

***
Eu nem digo nada! A senhora não deixa margem para nenhuma intervenção. O seu incontrolado riso é contagiante.
Belíssima peça de humor, concebida com inteligência e um grande sentido de oportunidade.

quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Regresso aos mercados "mais difícil" com chumbos do TC


A Comissão Europeia alertou hoje que novos chumbos do Tribunal Constitucional a medidas propostas pelo Governo podem complicar o regresso do país aos mercados em meados de 2014, tornando-se "significativamente mais difícil".

***«»***
É preciso aprender a dizer não, para se poder dizer não aos agiotas institucionais (vulgarmente designados por credores institucionais). A comissão europeia, campeã da agiotagem institucional, ultrapassando já, em perversidade e crueldade, o comportamento de um outro predador, o FMI, com este discurso chantagista pretende obter dois efeitos: influenciar as decisões do Tribunal Constitucional e, por outro lado, lançar dúvidas alarmistas sobre a situação financeira portuguesa nos mercados de capitais, principalmente no seu segmento dedicado à dívida pública, para que estes subam especulativamente os juros da dívida pública portuguesa nos mercados secundários. Por outro lado, com este processo chantagista, a comissão europeia já está a organizar o álibi para descartar as suas culpas no insucesso do atual programa de ajustamento a Portugal, que ela promoveu, criou, acarinhou, e que aprovou ao longo das sucessivas avaliações da troika. 
O governo, de cócoras, faz das declarações da comissão europeia a sua bíblia, e a única coisa que está agora a fazer, além da promoção dos cortes nos salários e nas pensões, em sede do OE 2014, é instalar os privados, enquanto é tempo, nos setores mais rentáveis da economia social do Estado (Saúde e Educação) e no seu setor empresarial (CTT), ao mesmo temp que aproveita também o álibi do provável chumbo do Tribunal Constitucional para atirar para outros as suas próprias culpas no desastre que se avizinha.
É preciso dizer não à corja institucional. É preciso paralisar o país! É preciso perder o medo! É o momento em que as lideranças e as vanguardas têm de se afirmar, não só na mobilização dos protestos, mas também através da apresentação das alternativas credíveis e mobilizadoras. O povo português só dará o salto decisivo, quando perceber que há um projeto de esperança. E o único projeto de esperança é dizer não ao euro e à troika. Quem anda a dizer que a solução não é esta, e que a esperança está na Europa, anda a enganar-se a si próprio e a enganar os outros. Estes são os agentes passivos da crise.
É pegar ou largar!
AC

Poema: As mães trazem dentro todo o mar - por Maria Azenha

Cristina Gauer | Mãe e filho

As mães trazem dentro todo o mar

As mães trazem dentro todo o mar   Alongadas nas casas
com movimentos perpétuos não param de escutar
as tempestades vindas da profundidade das águas
Elas vivem suspensas da matéria até ao dia em que nascem e
quando entoam cânticos ocupam todos os lugares da Terra Ficam por detrás das portas
para as abrir e fechar como lâmpadas em moradas
Iluminadas por construções de crianças Que hão de vir dos corações das corolas
Constroem filhos de fogo Para o próprio mundo arder em flamas
Uma construção de nove meses é um poema que cai no avesso da alma
As mães aprendem a chorar com os lagos nas esferas da solidão de deus
Brotam da terra com espelhos de beleza em todo o lado E os mortos
descem através das paredes E cantam canções de vento em estrelas e nebulosas
Quando dormem estão terrivelmente mortas as mães Levantando a água dos bosques
Com pequenas flores nos dedos E aves voando para fora da boca noturna dos lagos
As mães são o que sobra de deus Do lado absolutamente feminino da escuridão

© maria azenha
***«»***
O que posso eu escrever sobre este encantamento das palavras, que aqui ganham ressonâncias e ecos?!
Vergo-me ao peso da Maravilha!

A "poeta" maria azenha colabora regularmente no Alpendre da Lua.

Agradecimento


Agradeço à Teresa Teixeira a amabilidade de ter aderido ao Alpendre da Lua, como amiga/seguidora.

segunda-feira, 18 de novembro de 2013

Europa: O início do fim


Uma Guerra Financeira Está Iminente.
A Europa está em extinção, e há um grito de instabilidade instalado pelos seus estados membros. E se tudo não passar de um plano.
As fragilidades da Europa despertam interesse no islamismo radical que a devorará inteira. E será o início de uma nova era.
Foi tinha criado um excelente franchising. Uma Europa comandada por um grupo permitia vender tudo o que produzia.
Será a crise uma palavra exclusivamente europeia?
Uma guerra financeira que não deixa tostão para comida.

***«»***
A Europa assemelha-se a um elefante abúlico, que está à espera de ser expulso da manada. Velha, de séculos de protagonismo e de liderança, e já cansada, aguarda a morte, em agonia lenta. Os impérios nascem, crescem e morrem.
A União Europeia perdeu o brilho de outrora e já renunciou aos espetáculos mediáticos do sucesso, e as suas instituições entraram num automatizado processo de rotina burocrática. Perdeu o elã, aquele sentimento de energia e de entusiasmo, que a caracterizou no século anterior. Agora, a Europa, só se preocupa com uma única coisa: Salvar os cacos do desastre e atirar para cima dos povos mais pobres o principal ónus da crise, através de uma bem montada máquina, que procede ao impiedoso saque. 
Não perceber isto é não perceber o processo histórico.
AC

A insustentável e insuportável leveza do medo!...


domingo, 17 de novembro de 2013

Esta merda tem de acabar!...

Amabilidade de Jorge M. Ribeiro
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O diagnóstico está feito, pelos cientistas. O mundo está doente! A terapêutica pertence aos povos e às suas vanguardas.

sábado, 16 de novembro de 2013

Declaração de princípios, nome e símbolo de novo partido de Rui Tavares aprovados


A declaração de princípios, o nome e o símbolo de um novo partido político, que se pretende que seja um "espaço de liberdade no meio da esquerda", iniciativa do eurodeputado Rui Tavares, foram hoje aprovados em Lisboa.

A declaração de princípios, o nome e o símbolo de um novo partido político, que se pretende que seja um "espaço de liberdade no meio da esquerda", iniciativa do eurodeputado Rui Tavares, foram hoje aprovados em Lisboa.
"Foi uma reunião preparatória, que acabou por ter mais gente do que estávamos a contar e na qual foi deliberada, votada e aprovada uma declaração de princípios", disse hoje à Lusa Rui Tavares, depois do encontro que reuniu cerca de centena e meia de pessoas no Teatro São Luiz, em Lisboa.
O eurodeputado adiantou que ainda hoje à noite, ou no domingo de manhã, a declaração de princípios que foi aprovada estará disponível em www.livrept.net.
Além desta declaração, os presentes "aprovaram o nome [Livre] e o símbolo, que é uma papoila vermelha, que é o símbolo da Paz na Primeira Guerra Mundial e um símbolo de Liberdade", referiu.
"E decidiram prosseguir caminho a partir destes pontos de partida", disse Rui Tavares, acrescentando ter ficado "definido, por exemplo, que é um partido que se posiciona politicamente no meio da esquerda" e que "tem quatro grandes pilares: Liberdade, Esquerda, Europa, Ecologia".
Rui Tavares defendeu que a reunião de hoje "determinou que estas pessoas querem constituir um partido que seja um espaço de liberdade no meio da esquerda".

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Eu não sou contra o aparecimento de novos partidos, mas apenas reconheceria alguma utilidade a um partido que se posicionasse no espectro político, no sentido de arregimentar, entre o universo dos abstencionistas, aqueles eleitores que se abstêm, porque não se revêem nos partidos já existentes. Não é este o caso deste partido, fundado pelo Ex bloquista Rui Tavares. Parece-me ser um partido destinado a recolher militantes dissidentes do Bloco de Esquerda e do PS, o que é limitativo.
Por outro lado, e estou a basear-me na declaração de Rui Tavares, eu não sei, onde se situa o tal "espaço de liberdade no meio da esquerda", uma definição que me confunde, até porque desconheço, talvez por incapacidade minha, onde se situam os espaços extremos da nossa esquerda partidária, e isto para não questionar a referência, que me parece maliciosa, sobre a Liberdade, como se nos outros partidos não houvesse liberdade. Em todos os partidos há a liberdade de entrar e sair, de concordar ou não concordar, e de exprimir opiniões. O que cada partido exige, e bem, é a fidelidade a um programa político e aos seus estatutos, e a obediência a uma ação política decidida pelos órgãos partidários, democraticamente eleitos, pois, caso contrário, não se trataria de um partido, mas de um bando. E julgo que Rui Tavares não tem o perfil adequado para chefiar um bando. 
AC

Seguro: o político infinitamente adiado...

o eterno valete que quer ser rei

Direcção do PS dividida sobre o que fazer perante um programa cautelar.
Seguro recusa falar já de eleições e manda calar dirigentes

António José Seguro quer o PS comedido nas palavras quando fala no que fazer perante um programa cautelar. Se Portugal tiver de recorrer a este mecanismo no pós-troika, o líder do PS defende a análise das condições antes de qualquer decisão, logo, pondera uma assinatura por baixo. Mas são mais as vozes socialistas que apontam a necessidade de eleições antecipadas, incluindo dentro da direcção. Vozes que Seguro mandou ontem calar.

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Ao recusar o recurso imediato a eleições antecipadas, exigidas por vários dirigentes do seu partido,  António José Seguro continua a adiar a clarificação da sua posição política em relação a uma alternativa credível à "ditadura democrática" do atual governo. António José Seguro continua à espera que o poder lhe caia no colo, já com o país numa posição de tal modo degradada, que lhe permita airosamente vir dizer que não tem outra alternativa, senão a de continuar com as políticas de austeridade, impostas pela comissão europeia e pelo FMI. 
Muitos militantes e simpatizantes do PS já estão a perceber que, com António José Seguro, o PS começa a ser parte do problema (que já é), em vez de ser a sua solução (que nunca o foi, até ao momento).

sexta-feira, 15 de novembro de 2013

Notas do meu rodapé: Falar por falar, para não ficar calado...


Alternativas PS apresenta propostas ao Orçamento de 350 milhões

PS apresentou hoje propostas de alteração ao Orçamento para 2014, sustentando que no conjunto terão um efeito neutral entre receitas e despesas na ordem dos 350 milhões de euros, cerca de 0,2 por cento do PIB.
As propostas socialistas que vão entrar na discussão da especialidade do Orçamento do Estado para 2014 foram apresentadas em conferência de imprensa pelo líder parlamentar, Alberto Martins, e pelo vice-presidente da bancada Pedro Marques.
"O quantitativo global das principais propostas que poderão representar perda de receita ou acréscimo de despesa e respetivas compensações anda na ordem dos 350 milhões de euros. As propostas valem cerca de 0,2 por cento do Produto Interno Bruto (PIB)", estimou Pedro Marques.
Do lado da despesa, uma das mudanças que o PS pretende introduzir no Orçamento é a renovação da cláusula de salvaguarda no Imposto Municipal sobre Imóveis (IMI), tendo como objetivos estabelecer o valor limite de 75 euros de acréscimo relativamente ao ano anterior e também incluir nesta cláusula de salvaguarda os imóveis avaliados em 2013.
"Se a proposta do PS for aprovada, esses imóveis avaliados em 2013 também terão salvaguardado um aumento gradual de IMI. Esta é uma proposta importante, num momento em que as famílias (além do enorme aumento de impostos) vão ser objeto de cortes muito grandes nos seus rendimentos", sustentou Pedro Marques.
Também no âmbito das propostas de "melhoria social", o PS retoma a ideia do ano passado de prorrogação do subsídio social de desemprego por mais seis meses, visando "proteger os cidadãos que estão a terminar os respetivos períodos de benefício de prestação de desemprego", e insiste num pagamento de dívidas pelo Estado a micro e pequenas empresas através da canalização de parte das verbas não utilizadas do fundo de recapitalização da banca ou de um sistema de 'confirming' (mecanismo de tesouraria através da Caixa Geral de Depósitos).
O PS insiste na descida para 13 por cento do IVA da restauração e na redução do IRC para os primeiros 12500 euros de lucro, advogando ainda a reposição de 40 milhões de euros nos orçamentos das universidades e dos politécnicos.
Do lado do aumento da receita do Estado, o PS, tal como propusera no ano passado, avança novamente com a defesa de uma taxa sobre as parcerias público-privadas (PPP) com incidência sobre 20 por cento dos fluxos financeiros no âmbito do financiamento e na rentabilidade acima da taxa contratada - medidas que poderão render ao Estado entre 120 a 150 milhões de euros.
Em termos de subida de receitas e de corte na despesa do Estado, os socialistas querem a revogação integral dos benefícios fiscais destinados aos fundos de investimento imobiliário, a alteração do regime de dupla tributação das SPGS, tendo em vista eliminar práticas atuais "de planeamento fiscal", e a eliminação da proposta referente à isenção de tributação dos seguros quando efetuadas por empresas.

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Não é que eu não esteja de acordo com estas propostas do PS, a apresentar na discussão da especialidade do Orçamento do Estado de 2014, embora não perceba por que razão a restauração deva ser privilegiada, em sede de IVA - em relação às pequenas empresas de outros setores de atividade, que se debatem também com graves problemas de tesouraria - propondo uma taxa intermédia de 13 por cento.
As propostas são minimalistas e atingem uma percentagem ínfima da população. É falar por falar, para não ficar calado. 
Mas, o grande problema do PS de António José Seguro continua a ser a sua posição em relação ao compromisso com a troika, compromisso este que já está a ser adulterado por duas das suas instituições, o FMI e comissão europeia, que apareceram hoje a estabelecer as medidas que querem ver consagradas, imagine-se, no Orçamento de Estado de 2015, o que ultrapassa o âmbito e o prazo de vigência da sua intervenção, estabelecidos no Memorando de Entendimento de 2011. E não apareceu nenhuma voz a denunciar esta grosseira ingerência na política nacional, o que demonstra a indigente vassalagem dos partidos do arco da traição aos agentes políticos do agressivo capitalismo financeiro europeu, que, depois das falinhas mansas para atrair a vítima, exibe agora as suas afiadas garras, para espoliar a seu belo prazer o nosso país, que vai ser uma nova Grécia. É repugnante e doloroso ver os destinos de Portugal nas mãos de políticos, a quem falta vergonha, decoro e patriotismo. Ao lado deles, até o Miguel de Vasconcelos é um herói. 
AC

Anotação do Tempo: Para além do Universo…


Para além do Universo…

Descobri num alfarrabista
os decretos de Deus 
sobre as leis do Universo
Eu sou o zero, o ponto de partida 
onde começa a longa viagem
para o infinitamente grande
e para o infinitamente pequeno.
Depois, não há mais nada,
porque o nada não existe.
Ficou-me a ideia de um vazio,
uma brancura infinita a cegar-me os olhos
...

Nem luz havia para me despertar a mente
e sentir o dia,  que não era dia,
pois não havia tempo nem espaço,
era apenas o caos da energia
que sobrou do primeiro instante,
e que por ali ficou esquecida.

Alexandre de Castro

Lisboa, Novembro de 2013

quinta-feira, 14 de novembro de 2013

Notas do meu rodapé: Trata-se de um mitigado crescimento não sustentado


Economia voltou a crescer no terceiro trimestre
Depois de, ao fim de dez meses de contracção, ter interrompido a recessão técnica no segundo trimestre do ano, a economia portuguesa voltou no terceiro trimestre a crescer, anunciou esta quinta-feira o Instituto Nacional de Estatística.
Entre Julho e Setembro, o Produto Interno Bruto (PIB) avançou 0,2% face aos três meses imediatamente anteriores. No segundo trimestre do ano, o crescimento em cadeia tinha sido de 1,1%. Portugal consegue, assim, suster a tendência de retoma iniciada em Abril.
Ainda assim, o PIB continua a estar a um nível inferior ao verificado no mesmo período do ano anterior. A contracção do PIB em termos homólogos foi de 1% no terceiro trimestre do ano, mesmo assim, uma melhoria significativa face à queda de 2% no segundo trimestre (valor que foi agora revisto contra 2,1% da anterior estimativa do INE). Pelo Governo e a troika é esperada uma contracção de 1,8% no conjunto do ano.
PÚBLICO

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Trata-se duma gota de água, no meio de um oceano de marasmo económico. Esta ligeira recuperação do consumo interno deveu-se sobretudo ao aumento de importações de produtos para incorporar em produtos para exportar (setor automóvel e indústria petrolífera) - importações estas, cujo valor não entra no cálculo do PIB - e não ao aumento do rendimento disponível das famílias, que continua a pressionar negativamente aquele componente da estrutura do PIB. É o que se deduz, quando o INE informa que a procura externa líquida (exportações menos importações) deixou de ser tão positiva. No próximo ano, quando as novas medidas de austeridade se fizerem sentir, esta ilusão estatística, em relação ao consumo interno, deixará de aparecer, pois a sua previsível queda, induzida pela diminuição do poder de compra das famílias, anulará o efeito do consumo de produtos importados para incorporar em produtos para exportar.
E a particularidade desta situação estatística do terceiro trimestre  deste ano, leva-me a estabelecer um conceito ao nível da classificação das exportações, e que os economistas deveriam trabalhar, até para desmascarar este plano de ajustamento da troika, que baseou presunçosamente a recuperação económica do país, exclusivamente no aumento das exportações, desvalorizando, com a insana austeridade, o consumo interno. E o conceito referido aponta para a distinção entre as exportações que, maioritariamente, incluam matérias primas e produtos intermédios de origem nacional (as boas exportações), e as exportações que, maioritariamente, incluam matérias primas e produtos intermédios de origem estrangeira (as exportações menos boas). Em relação ao investimento estrangeiro aquela distinção já se faz, considerando-se melhores os investimentos com maiores potencialidades de acrescentar valor ao produto (caso da Auto Europa).
AC

terça-feira, 12 de novembro de 2013

12 de Novembro de 1989: Morre Isidora Dolores Ibárruri - La Pasionária !

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O pesadelo ainda não terminou. Agora, com outras armas, as armas da morte lenta!...
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Um dos melhores poemas sobre a Guerra Civil de Espanha (1936-39) foi escrito por um poeta português: Reinaldo Ferreira.


A que morreu às portas de Madrid

A que morreu às portas de Madrid,
Com uma praga na boca
E a espingarda na mão,
Teve a sorte que quis,
Teve o fim que escolheu.
Nunca, passiva e aterrada, ela rezou.
E antes de flor, foi, como tantas, pomo.
Ninguém a virgindade lhe roubou
Depois de um saque – antes a deu
A quem lha desejou,
Na lama de um reduto,
Sem nausea, mas sem cio,
Sob a manta comum,
A pretexto do frio.
Não quis na rectaguarda aligeirar,
Entre champagne, aos generais senis,
As horas de lazer.
Não quis, activa e boa, tricotar
Agasalhos pueris,
No sossego de um lar.
Não sonhou minorar,
Num heroísmo branco,
De bicho de hospital,
A aflição dos aflitos.

Uma noite, às portas de Madrid,
Com uma praga na boca
E a espingarda na mão,
À hora tal, atacou e morreu.

Teve a sorte que quis.
Teve o fim que escolheu.

Reinaldo Ferreira
(1922-1959)