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terça-feira, 30 de junho de 2009

Crónica: Três caricaturas numa nota só...

Plano Tecnológico


Há frases que vale pena reter

Há frases que vale pena reter, tal é a força carreada pela sua expressividade e clareza e pelo seu significado profundo. Esta, a que vou referir, pertence ao presidente da Junta de Freguesia de Castanheira do Vouga, uma freguesia perdida, do concelho de Águeda, encostada ao sopé da serra do Caramulo, e que se celebrizou recentemente, por ter sido ali que ocorreu o único boicote à realização da votação para o Parlamento Europeu, em protesto pela extrema dificuldade de acesso à banda larga da internet. Disse Vítor Silva, depois de denunciar as sucessivas declarações do primeiro-ministro, a garantir aos portugueses o acesso universal à banda larga: “Só para pagar impostos é que somos todos iguais”.
A Portugal Telecom não saiu bem na fotografia, pois foi acusada de se submeter apenas à lógica do lucro, já que o retorno do investimento a realizar, para ligar o sinal naquela zona, dificilmente estaria garantido pelos poucos utentes existentes, entre os 750 habitantes que ali residem, Só que, esses utentes são os jovens das escolas, a quem a distribuição do Magalhães pouco veio a acrescentar, no sentido de tirarem pleno partido da utilização da internet.
E Sócrates, hábil na sua manobra de fazer das fraquezas forças, exultou quando soube do motivo deste protesto, reconvertendo-o numa prova inquestionável do êxito e da aceitação do seu Plano Tecnológico. Chegou mesmo a afirmar que aquele boicote, pelos motivos invocados, teria sido a única boa notícia recebida na noite das eleições.
No dia seguinte, sabe-se lá por que razões, já a administração da PT estava a ligar ao presidente da junta, a quem até ali tinha olimpicamente desprezado e ignorado, a comprometer-se com a resolução do problema e o restabelecimento da plena normalidade, no prazo de 90 dias. Fazendo as contas, a banda larga vai chegar mesmo em cima das eleições legislativas. Sempre são, em tempos de vacas magras, mais uns 630 votinhos.
Para melhor garantir o sucesso, quer do Plano Tecnológico, quer do Magalhães, quer da captação daqueles votos, o próprio ministro das Obras Públicas, Mário Lino, telefonou, uma semana depois, ao presidente da junta, que nunca na sua vida se tinha sentido tão importante, a perguntar-lhe “se a PT já se tinha posto em campo” e, ao mesmo tempo, a lamentar o facto de o seu interlocutor não o ter contactado há mais tempo, para que aquela anomalia fosse rapidamente superada, recado este que nos leva a avisar todos os presidentes de junta, para que, imediatamente, comecem a telefonar ao ministro, a pedir a estrada, o fontanário, a escola, mais tudo aquilo que entendam necessário para o bem das suas populações, pois o ministro, pelo menos até Outubro, está disposto a dar tudo. É só aproveitar. No entanto, não deverão pedir mais empregos, pois o primeiro-ministro já prometeu tantos, que não sei se haverá portugueses que cheguem para os preencher.
Às caricaturas da PT, de Sócrates e de Mário Lino, as três anunciadas em título, juntemos-lhe uma outra, para o ramalhete ficar mais bonito. Segundo noticiou o PÚBLICO, nos 31 quilómetros quadrados, por onde se dispersa o território da freguesia de Castanheira do Vouga, “não há um metro de saneamento instalado”.
Vivó a internet!... Vivó Magalhães!… Vivó o Plano Tecnológico!... Vivó o PS!… Vivó o PSD!... (que é o partido a que pertence o presidente da Junta de Freguesia de Castanheira do Vouga)… Abaixo o saneamento básico…

Um Poema ao Acaso: Rua 1º de Dezembro - Mário Cesariny


Rua 1º de Dezembro

À hora X, no café Portugal
À mesa Z, é sempre a mesma cena:
Uma toupeira ergue a mãozinha e acena…
Dois pica-paus querelam, muito entusiasmados:
Qua a dita dura dura que não dura
A dita dita ditadura – dura desdita!
Um pássaro canta diz isto assim é pena
E um senhor avestruz engole ovos estrelados.

Mário Cesariny

segunda-feira, 29 de junho de 2009

Educação sexual nas escolas...

Esta freira, indigitada para dar uma aula de Educação Sexual, está cheia de dúvidas sobre a matéria...

A laicidade do Estado foi violada...

Antes era assim


A laicidade e a não confessionalidade do Estado Português, que se encontram consagradas na Constituição da República Portuguesa, vão sendo paulatinamente corrompidas por decisões governamentais avulsas, em promíscua aliança com a igreja católica.

O que está a acontecer em relação aos professores de Educação Moral e Religiosa constitui mais um episódio dessa conspiração silenciosa, promovida por uma religião que se arvora no direito de, através do ensino público, tentar impor a sua fé e o seu credo, extravasando os limites da sua acção, que deve confinar-se aos espaços religiosos. O secretário de Estado da Educação, Valter Lemos, através do Despacho Interno Nº 2/SEE/2009 (de 23 Junho), vem permitir que aqueles professores, nomeados pela autoridade eclesiástica, possam leccionar outras disciplinas e ocupar cargos directivos e de gestão escolares, concedendo-lhes assim uma situação de privilégio em relação aos outros professores, que se sujeitaram a concurso público, para entrar e pçrogredir na carreira, e colocando-os em posição vantajosa em relação aos professores de outras confissões religiosas, que não são abrangidos por aquele despacho.

Esta situação escandalosa, já denunciada por várias associações cívicas, vem permitir aos bispos, através dos membros do clero que nomeiem para as escolas, como professores de Religião e Moral, exercer um efectivo poder dentro das escolas, o que viola a Constituição e os superiores valores da República, para além de constituir um grave perigo, quando se tratar de implementar directivas ou aplicar orientações temáticas, como a Educação Sexual, por exemplo, que a igreja católica considera assuntos tabus.

Com esta genuflexão ao episcopado português, um governo, que se proclama socialista, republicano e laico, compra o silêncio e a cumplicidade da igreja católica em relação às cegas políticas sociais e económicas, que aumentaram dramaticamente a pobreza em Portugal, assim evitando o embaraço do seu eventual protesto e da sua eventual crítica, protesto e crítica que têm estado ausentes no discurso dos prelados portugueses.

Devido ao seu interesse, publica-se na íntegra o comunicado da Associação República e Laicidade, que veio a terreiro denunciar esta escandalosa cedência aos interesses da igreja católica, com manifesta violação dos princípios constitucionais da laicidade do Estado.

Comunicado de imprensa:

1. A Associação República e Laicidade condena a escandalosa cedência do Governo às reivindicações da Comissão Episcopal da Educação Cristã, cedência expressa no Despacho Interno Nº2/SEE/2009 (de 23 de Junho), assinado pelo Secretário de Estado da EducaçãoValter Lemos.


2. A Associação República e Laicidade teme que o Ministério da Educação, ao permitir que os professores de Educação Moral e Religiosa Católica possam leccionar outras disciplinas ou áreas curriculares não disciplinares, ou ao tolerar que os professores de Educação Moral e Religiosa Católica possam exercer cargos de Direcção de turma ou de gestão, esteja a permitir também que os alunos que escolhem não frequentar a disciplina de Educação Moral e Religiosa sejam expostos a tentativas de proselitismo, ou a tratamentos de desfavor. É assim atacada a não confessional idade do ensino – garantida no artigo 43º da Constituição da República portuguesa.

3. Agrava-se assim a situação de privilégio dos professores de Educação Moral e Religiosa, que são nomeados por autoridades estranhas ao Estado, e os restantes docentes, que acedem à escola pública por concurso público, reforçando uma situação de desigualdade.

4. Agrava-se também a discriminação positiva dos docentes de Educação Moral e Religiosa Católica face aos de outras confissões religiosas, estes últimos interditados pelo §4 do artigo 24º da Lei da Liberdade Religiosa de «[leccionar] cumulativamente aos mesmos alunos outras áreas disciplinares ou de formação».

5. A Associação República e Laicidade reitera que a Educação Moral e Religiosa não deve ter lugar na escola pública, mesmo enquanto disciplina facultativa. À escola pública compete ensinar a ciência, cultivar o conhecimento, fomentar o pensamento crítico e formar para a cidadania, e não difundir a fé ou impor a crença. O ensino da religião pode perfeitamente ter lugar no âmbito associativo das comunidades religiosas.

Com os meus melhores cumprimentos,

Ricardo Alves(Presidente da Direcção da Associação República e Laicidade)

Lisboa, 28 de Junho de 2009

Associação República e Laicidade

Rua Cidade de Bolama, nº15, 7ºdto.1800-077 Lisboa


domingo, 28 de junho de 2009

Apanhados: Uma cópia modesta de um grande "original"

Esta ideia não é original. Gostei mais de a ver expressa em "Tempos Modernos", de Charles Chaplin, o que prova que a cópia nunca atinge a grandeza do original.

"Tempos Modernos" é um clássico do cinema, pela forma e pelo conteúdo. Nunca ninguém, até ali, e em qualquer manifestação artística, redicularizara tanto o capitalismo e os pressupostos em que se fundamentava e fundamenta. O burlesco corrói, desmistifica, e isso é arrasador para os visados.

Um Poema ao Acaso: Outra Coisa - Mário Cesariny

Pintura de Mário Cesariny

Outra coisa


Apresentar-te aos deuses e deixar-te
entre sombra de pedra e golpe de asa
exaltar-te perder-te desconfiar-te
seguir-te de helicóptero até casa

dizer-te que te amo amo amo
que por ti passo raias e fronteiras
que não me chamo mário que me chamo
uma coisa que tens nas algibeiras

lançar a bomba onde vens no retrato
de dez anos de anjinho nacional
e nove de colégio terceiro acto

pôr-te na posição sexual
tirar-te todo o bem e todo mal
esquecer-me de ti como do gato

Mário Cesariny

Guiné-Bissau: Um Estado falhado?


Guiné-Bissau: Um Estado falhado?

Com umas Forças Armadas divididas e instáveis, um Estado fraco e uma sociedade civil sem poder económico e sem capacidade de intervenção política, a Guiné-Bissau transformou-se num pasto do narcotráfico, que, por sua vez, através da corrupção, mais aprofunda aquelas fragilidades.
O Estado desejado por Amílcar Cabral, o mais brilhante e clarividente dirigente africano, durante o período da descolonização do continente, está muito longe da sua concretização. Primeiro, foi a cisão com Cabo-Verde, em 1980, cuja união, que se justificava durante a guerra pela independência, não viesse a ter, posteriormente, muito sentido, tais são as diferenças étnicas e culturais entre estas duas ex-colónias portuguesas. Depois, após a independência, veio a instabilidade política, derivada de um conjunto vasto de factores, comuns a todos os países africanos que viveram durante séculos sob o jugo apertado do colonialismo, que pouco ou nada lhes deixou, a não ser o património comum da língua e algumas infra-estruturas. Sem quadros técnicos que suportassem o aparelho de Estado e a economia, a política passou por um período de infantilismo, com os dirigentes a preocupar-se mais com o seu poder pessoal, do qual retiravam grandes proveitos económicos, do que com o progresso das populações, mergulhadas na miséria, na doença e na ignorância.
A Guiné-Bissau ainda não saiu desse estadio. Desde a independência, os golpes e contra-golpes e os assassinatos políticos sucederam-se, a corrupção fez a lei, as Forças Armadas deixaram de responder ao poder político e dividiram-se perigosamente. Talvez por isto e, também, por causa disto, o narcotráfico da cocaína assentou arraiais, arruinando, na sua caminhada infernal, as consciências e comprometendo a sustentabilidade de uma economia débil.
Segundo a maioria dos observadores, as eleições presidenciais, que ocorrem hoje, não vão resolver estes problemas. Quando muito, poderão trazer alguma estabilidade provisória. Nada mais.

Paciência!...

Devido a algumas dificuldades em aceder à internet, no local onde me encontro a gozar umas curtas férias, não garanto uma assiduidade plena no Alpendre da Lua, situação que se manterá até ao próximo sábado. As minhas desculpas a todos os leitores.
Alexandre de Castro

sábado, 27 de junho de 2009

Memórias etnográficas do Norte de Portugal

Segundo alguns historiadores, foram os toninhos que iniciaram no Norte de Portugal a troca do "b" pelo "v", e vice-versa. De fonte segura, sabe-se, no entanto, que participaram empenhadamente na Reconquista Cristã, explicando-se assim o seu entranhado ódio aos mouros do sul de Portugal, que ainda persiste.

sexta-feira, 26 de junho de 2009

Foto-jornalismo: a arte do instantâneo


Foto-jornalismo: A arte do instantâneo
A reportagem do quotidiano ficaria incompleta sem o contributo da fotografia. E é por isso que o foto jornalismo é indispensável na imprensa escrita, onde, com a sua força visual, complementa o texto, e, por vezes, o suplanta na expressividade da mensagem. A fotografia concentra a carga emocional da realidade, surpreende o insólito, denuncia a brutalidade e a violência, devolve-nos os rostos doridos das vítimas e os rostos belos das crianças e das mulheres, faz-nos chorar e faz-nos rir, transportando-nos pelo mundo, para nos mostrar os seus dramas e tragédias, bem como o que de cómico e caricato enriquece a vida.
São os foto-jornalistas os grandes obreiros desse registo, por vezes correndo o risco da própria vida, ao conseguirem fazer parar o tempo durante um segundo para imortalizarem perpétuamente um instantâneo da realidade em movimento.
Para apresentar as fotografias de 2008, seleccionadas pela Reuters, recorri a duas fotografias imortais, captadas na guerra do Vietname, e a uma outra, não menos célebre, captada na Guerra Civil de Espanha. A primeira apanhou em fuga desesperada e dolorosa as crianças vietnamitas queimadas pelas bombas de napalm americanas. A segunda, exibe o exacto momento em que o chefe da polícia de Saigão abate à queima roupa um vietcong, ao ponto de se ter conseguido fixar ma imagem o desalinho do cabelo, provocado pelo impacto da bala. A terceira, mostra o momento em que um miliciano republicano é atingido mortalmente em combate.Estas três fotografias correram o mundo, mostrando a bestialidade da guerra. Considero-as as melhores fotografias de todos os tempos, porque elas conseguem exibir a guerra e a morte, bem como a violência que as alimenta.

http://static.publico.clix.pt/docs/mundo/2008mundo/

Ao amigo João Fráguas, agradeço o envio das fotografias da Reuters

Uma referência positiva num governo medíocre

Fernando Pereira Serrasqueiro, secretário de Estado do Comércio, Serviços e Defesa do Consumidor, constituiu-se, pela sua acção incisiva e eficaz, e sem alaridos promocionais ao nível mediático, um governante de elevado mérito, cujas potencialidades, o PS, por mesquinhez ou por desleixo, ainda não soube aproveitar na sua totalidade. As suas decisões políticas contra os interesses instalados e em defesa dos direitos do consumidor devem ser tomadas como uma referência exemplar em qualquer cartilha da boa governança.
Obrigou os bancos a acabarem com o abuso da metodologia utilizada no cálculo dos arredondamentos da taxas de juro, nos empréstimos do crédito da habitação, e que era altamente lesiva dos interesses legítimos dos consumidores. Agora, enfrenta o poderoso lobie das seguradoras, que vão ser a ser obrigadas a considerar o valor em dívida, no cálculo da prestação do seguro de vida, associado àquele crédito.

Topónimo de uma localidade da Dinamarca


A Língua Portuguesa é muito traiçoeira...

Apanhados: Grande susto!...

quinta-feira, 25 de junho de 2009

Um Poema ao Acaso (13): A Pablo Neruda, com o Chile no coração - Rafael Alberti



A PABLO NERUDA, COM O CHILE NO CORAÇÃO


Não dormireis, ó malditos da espada,
corvos nocturnos de sangrentas unhas,
tristes covardes das sombras tristes,
violadores de mortos.

Não dormireis.

Seu nobre canto, sua paixão sincera,
sua estatura mais alta do que os cumes,
como cântico livre do seu povo
hão-de afogar-vos um dia.

Não dormireis.

Vinde ver a sua casa assassinada,
A miséria fecal do vosso ódio,
Seu imenso coração espezinhado,
Sua pura mão ferida.

Não dormireis.

Não dormireis porque ninguém dorme.
Não dormireis porque a sua luz vos cega.
Não dormireis porque a morte é a vossa
única vitória.

Não dormireis jamais porque estais mortos.

Rafael Alberti

Tradução de Alberto Martins

TVI: o novo telejornal da sexta feira

Cansado das bocarras de Manuela Moura Guedes, o primeiro ministro, José Sócrates, deu ordens expressas à Portugal Telecom para implementar um novo figurino no Jornal de sexta feira da TVI, ao mesmo tempo que se disponibilizou para ser entrevistado todas as semanas, até à realização das eleições legislativas, pela pivot que aparece no vídeo promocional.

Portugal é um país corrupto...


Fotografia retirada do blogue "Comunicação,-basta"


Portugal é um país corrupto...

A economia subterrânea representa, em Portugal, cerca de vinte por cento do PIB, sendo, no entanto, muito imprecisa a quantificação da mão de obra que ocupa. Por tudo aquilo que se vai sabendo e por tudo aquilo de que se suspeita, a corrupção deverá atingir valores da mesma ordem de grandeza. Pode mesmo dizer-se que a corrupção - a pequena, a média e a grande - assenta numa matriz endémica da nossa sociedade, que o Estado não remove, não prevenindo nem combatendo esta ilicitude, antes propiciando-a, através da acção irresponsável dos sucessivos governos que, por complexas conivências e promiscuidades, nunca tiveram a clarividência de a considerar um travão ao desenvolvimento económico e social. Muitos investidores internacionais colocam o fenómeno ao mesmo nível do da celeridade e da eficácia da justiça, a fim de fundamentar as suas decisões.
O último relatório da organização Transparência Internacional, uma ONG, coloca Portugal numa situação pouco confortável, inserindo-o na última série de países, entre trinta e seis pertencentes à OCDE, que pouco ou nada fizeram para aplicar os compromissos assumidos em 1997, no sentido de combater este flagelo. Numa mera operação de cosmética, este governo criou o Conselho de Prevenção da Corrupção, mas que, intencionalmente, o reduziu a um mero apêndice burocrático, destinado a desempenhar o mesmo inútil e caricato papel que o Banco de Portugal tem desempenhado na supervisão do sistema bancário.
E o relatório desta ONG, referindo-se a Portugal, destaca o caso Freeport, com a acusação gravíssima ao sistema de justiça, por ter demorado três anos a responder às diligências pedidas pela polícia inglesa. Com esta denúncia, assim tão directa e frontal, à qual ainda junta a referência às alegadas pressões do presidente do Eurojuste, o magistrado português Lopes da Mota, sobre os magistrados titulares do respectivo processo de investigação, a organização Transparência Internacional ainda se arrisca a vir a ser incluída no lote das forças que conduzem orquestradamente uma "campanha negra" para "assassinar o carácter" do primeiro ministro, José Sócrates.
Esta avaliação apenas se subordina à corrupção internacional, deixando de fora aquela que se pratica internamente. Aí, a realidade ainda é mais negra e repugnante. A triangulação entre governos, partidos políticos e, principalmente, ao nível das autarquias, as grandes empresas de construção civil é aterradora. Não existe nenhuma actividade empresarial que não tenha organizado o respectivo lobie para corromper políticos, governantes e funcionários do Estado. Com o siglo bancário, promovido ao estatuto de vaca sagrada, e os offshores, eleitos à categoria de templos divinos intocáveis, é impossível obter uma visão da dimensão do fenómeno. Mas que ele existe em grande escala, não oferece quaisquer dúvidas.

http://ultimahora.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1388557

Manuela Ferreira Leite inaugura TGV

Fotografia retirada do Ponte Europa

Manuela Ferreira Leite inaugurou o TGV entre Sintra e a Praia das Maçãs.

quarta-feira, 24 de junho de 2009

Maldito queijo!...

Orgulho Patriótico

Orgulho Patriótico

E queixam-se alguns de nós – eu não – da forma “vergonhosa” como saímos das colónias e, nessa retirada, como abandonámos à sua triste sorte os militares e paramilitares africanos que ao nosso lado combateram, eles, também, pequenos e pobres soldados da fortuna.
E ficamos depois, feitos basbaques, a olhar para as imagens de um vídeo que anda por aí na net, onde se enaltece – e isso sim, escrevia um amigo, é que é patriotismo – o acrisolado apreço do povo americano pelos soldados que, no caso, parecem ou irão embarcar para o Iraque ou Afeganistão, esquecendo-nos nós, os que nos queixamos, do vergonhoso abandono em que eles deixaram os seus dilectos colaboradores e aliados do Vietname do Sul, como agora se preparam para abandonar à sua sorte, muito provavelmente triste, primeiro os iraquianos e depois os afegãos, tudo, afinal, nada de mais, uma questão de interesses, não vão eles, os americanos, perder de vez o controlo da sua horta da América latina, com Cuba, mesmo sem Fidel ao leme ainda empinada e a preparar-se para passar a Hugo Chavez o testemunho na estafeta da revolução latino-americana.
Pode fazer-nos bem, dar-nos ainda algum conforto gostarmos de pessoas assim mediáticas e quase virtuais como Obama. Mas, infelizmente, com Obama ou com outro qualquer, são interesses e só os interesses que continuam a guiar os passos da Grande Potência.

Viseu, 23JUN09
Diamantino Silva
Texto oferecido ao Alpendre da Lua por Diamantino Silva, escritor e capitão de Abril

Auto Europa: Um destino anunciado



No momento em que escrevo, deve estar a ter início a decisiva reunião entre a administração da Auto Europa e a respectiva comissão de trabalhadores. Em causa, a remota possibilidade de regressar à mesa de negociações, que a administração rejeita, preferindo antes propor um novo referendo, que inverta possivelmente o resultado do anterior. Ao contrário de muitos comentadores, que, abusivamente, tentaram culpar organizações partidárias e sindicais pela rejeição da proposta da administração, atribuindo-lhes responsabilidades que não poderiam ter, defendo que se deve respeitar a vontade dos trabalhadores. Eles não são estúpidos e sabem o que querem, até porque, intuitivamente, eles perceberam que, possivelmente, estava em curso um processo de chantagem, tendo por pano de fundo o encerramento da empresa. Se esse for o desígnio da administração, qualquer cedência deixaria as portas abertas para futuras chantagens, até que, chegando a uma situação insustentável, a empresa acabaria por encerrar, escudando-se no argumento de que os trabalhadores não aceitaram fazer os sacrifícios exigidos para facilitar a viabilização.
Por outro lado, a empresa, que eu saiba, não ofereceu nenhuma compensação diferida às reduções salariais propostas, o que seria razoável e justo.
No entanto, se a Auto Europa encerrar as portas, os prejuízos para a economia portuguesa são enormes, quer atendendo à sua importância nas exportações e na formação do PIB, quer nos reflexos negativos nas empresas que lhe prestam serviços, que serão obrigadas a despedir trabalhadores ou a encerrar. Neste quadro preocupante, e devido à importância da Auto Europa, é que seria importante o governo avançar com mecanismos compensatórios, e devidamente acautelados por garantias formais, que satisfizessem ambas as partes, evitando-se assim um desfecho desastroso para o país. O dinheiro que já indemnizou accionistas e clientes especiais da banca teria sido suficiente para salvar a Auto Europa.

Um parlamento mais visível e actuante




A última reforma introduzida ao modelo de funcionamento da Assembleia da República, passando a incluir os debates quinzenais com o primeiro ministro, recuperou parcialmente a imagem degradada que a vinha corrompendo. Embora existisse muito trabalho dos deputados, fora do alcance da difusão mediática, a opinião pública foi construindo a perigosa ideia de que a sua utilidade era marginal. Nada pior para uma democracia, do que os cidadãos não acreditarem no seu principal órgão institucional.
Felizmente, a situação veio paulatinamente a melhorar. Os debates quinzenais com o primeiro ministro, obrigando-o a esclarecer as decisões políticas do governo, recentraram o papel do parlamento como órgão fiscalizador, ao mesmo tempo que lhe aumentava a visibilidade mediática e e recuperava parte da credibilidade perdida.
É certo que muitos debates foram inquinados na sua matriz funcional, com a habilidosa manobra do primeiro ministro, José Sócrates, ao aproveitar o palanque parlamentar para anunciar, com certo aparato eleiçoeiro, as medidas mais populares do seu governo, retirando a capacidade de iniciativa à oposição. Foi o tempo em que a agenda mediática do país era comandada pelas assessorias de imprensa e pelas agências de comunicação ao serviço do governo, tempo esse que acabou com a estrondosa derrota do Partido Socialista nas últimas eleições. Com esta perversa estratégia, o primeiro ministro acabou por subverter a natureza destes debates, deixando sem resposta um elevado número de perguntas incómodas, colocadas pelos deputados da oposição.
Para esta recuperação da centralidade e da visibilidade do parlamento na actividade política, também muito contribuiu o trabalho da comissão de inquérito ao BPN, onde se destacou o deputado do CDS, Nuno Melo, cujo mérito realço, sem qualquer prurido ou complexo, embora ele se encontra nos antípodas do meu ideário político.

Um Poema ao Acaso (12): Carta aos amigos mortos- Sophia de Mello Breyner Andresen

Fotografia retirada do Cocanha

Carta aos amigos mortos


Eis que morrestes – agora já não bate
O vosso coração cujo bater
Dava ritmo e esperança ao meu viver
Agora estais perdidos para mim
- O olhar não atravessa esta distância –
Nem irei procurar-vos pois não sou
Orpheu tendo escolhido para mim
Estar presente aqui onde estou viva
Eu vos desejo a paz nesse caminho
Fora do mundo que respiro e vejo
Porém aqui eu escolhi viver
Nada me resta senão olhar de frente
Neste país de dor e incerteza
Aqui eu escolhi permanecer
Onde a visão é dura e mais difícil

Aqui me resta apenas fazer frente
Ao rosto sujo de ódio e de injustiça
A lucidez me serve para ver
A cidade cair muro por muro
E as faces morrerem uma a uma
E a morte que me corta ela me ensina
Que o sinal do homem não é uma coluna
E eu vos peço por este amor cortado
Que vos lembreis de mim lá onde o amor
Já não pode morrer nem ser quebrado
Que o vosso coração que já não bate
O tempo denso de sangue e de saudade
Mas vive a perfeição da claridade
Se compadeça de mim e de meu pranto
Se compadeça de mim e de meu canto

Sophia de Mello Breyner Andresen

RTP: Instantâneos de meio século...


Imagens, pequenas sequências, registos da nossa memória colectiva, rostos de quem já não nos lembrávamos, vidas que se viveram, as verdades e as mentiras que passaram por verdades, os que já morreram, aqueles que envelheceram como nós, tudo isto condensado num tempo que correu veloz, uma emoção que desponta e que no passado nos marcou. É esta antologia que aqui fica, para cada um recordar à sua maneira.
Agradeço ao amigo João Fráguas a indicação deste site

terça-feira, 23 de junho de 2009

O que o Presidente não disse...

------------- Retirada do Imagens do Kaos
O que o Presidente não disse…

O Presidente da República, após ter sido distinguido com o doutoramento honoris causa por uma obscura universidade escocesa, resolveu perorar sobre a crise, perante os jornalistas, proferindo, em jeito paternal, uma lição de finanças públicas. Não acrescentou nenhuma novidade àquilo que qualquer cidadão, medianamente informado, já sabe intuitivamente, de tão linear que é a explicação da oscilação em espiral das receitas do Estado e do seu efeito de balança. Se há mais desemprego, haverá menos consumo e menos receitas de IVA e menos IRS. Havendo menos consumo, haverá menos encomendas, menos produção de bens e serviços, menores lucros e menos receitas de IRC. Acabada a crise, inverter-se-iam automaticamente os parâmetros, desde que fossem tomadas as decisões políticas correctas, segundo a cartilha neo-liberal que anima o espírito do presidente.
É evidente que este automatismo corrector não se verifica integralmente. Depois desta crise profunda, o xadrez mundial da economia vai alterar-se radicalmente e quem vai sair vencedor serão os países que, durante estes anos difíceis, souberem criar e explorar as suas vantagens competitivas e aproveitar as fragilidades, as dificuldades e os erros dos seus parceiros concorrentes. E olhando para a economia portuguesa e para os seus sectores de liderança, verifica-se que continua a existir um desajustamento estrutural do tecido produtivo, que vai ditar, no futuro imediato, uma perda de competitividade, que outros países mais dinâmicos irão ganhar.
O paradigma que norteia a economia portuguesa continua a basear-se no baixo custo da mão de obra, na insuficiente qualificação profissional, e na extrema dependência das encomendas do Estado, Estado que este que absorve recursos desproporcionadamente elevados em relação à produtividade que desenvolve.
Se os governos e as empresas não começarem a resolver este desajustamento estrutural, não será a retoma internacional que irá retirar-nos do buraco onde estamos a cair.

Este macaco teve sorte!...



enviado pelo João Grazina


Mas este teve azar!...


segunda-feira, 22 de junho de 2009

Cogumelo...


Um Poema ao Acaso (11): Presídio - David Mourão-Ferreira


Presídio


Nem todo o corpo é carne… Não, nem todo.
Que dizer do pescoço, às vezes mármore,
às vezes linho, lago, tronco de árvore,
nuvem, ou ave, ao tacto sempre pouco…?

E o ventre, inconsistente como o lodo?...
E o morno gradeamento dos teus braços?
Não, meu amor… Nem todo o corpo é carne:
é também água, terra, vento, fogo…

É sobretudo sombra à despedida;
onda de pedra em cada reencontro;
no parque da memória o fugidio

vulto da Primavera em pleno Outono…
Nem só de carne é feito este presídio,
pois no teu corpo existe o mundo todo!

David Mourão-Ferreira

Cantiga dos Ais, por Mário Viegas

Mário Viegas foi um dos maiores declamadores de poesia. Lido por ele, o poema ganha outros cambiantes interpretativos e uma nova sonoridade, possivelmente aquela que o poeta pretendeu transmitir às palavras, quando o escreveu.

Blair tem medo de um julgamento público


Toda a gente ainda se lembra das armas de destruição maciça, escondidas no deserto por Saddam Hussein, e que estariam prontas de, a qualquer momento, poderem ser utilizadas contra os pacíficos cidadãos europeus e norte-americanos. Os políticos referenciavam a existência de relatórios das polícias secretas, a confirmar a sua existência. As televisões e os jornais amplificavam toda essa artilharia noticiosa, destinada a convencer a hesitante opinião pública de que era necessário abater o ditador e libertar os iraquianos. Ainda me lembro de Paulo Portas, então ministro da Defesa de Durão Barroso, a peremptoriamente afirmar, numa esforçada tentativa de contrariar a informação de que ninguém ainda encontrara tais armas, que uma bomba nuclear poderia ser facilmente escondida e manipulada numa simples pasta de executivo.
A necessária diabolização de Saddam Hussein contou com os depoimentos de pretensos especialistas em direitos humanos que, posteriormente, perante a denúncia de Abu Ghraib, Guantánamo e das prisões secretas da CIA, seria previsível que viessem, por vergonha, a suicidar-se.
Desde os tempos de Hitler, nunca a mentira para fins políticos tinha sido utilizada com tanto cinismo, com tanto requinte e com tanta eficácia. A cimeira da vergonha, nas Lages, entre Bush, Blair, Aznar e Durão Barroso, assinalou o regresso à barbárie, decidindo-se por uma guerra de agressão, que apenas tinha por objectivo defender a estratégia dos Estados Unidos e da Grã-Bretanha em relação ao controlo do petróleo do Médio Oriente. Escavacaram o Iraque e proporcionaram as condições para que o terrorismo islâmico ali se instalasse e continuasse a matança. As empresas de Bush pai e do vice-presidente de Bush filho, Richard Cheney, encarregar-se-iam de assegurar a reconstrução com o dinheiro do petróleo iraquiano.
Agora, Blair treme como varas verdes e tem um medo patológico de ser julgado publicamente pelos seus concidadãos e pelo mundo inteiro. Tem medo que, por um qualquer revez da História, tenha de se sentar no Tribunal de Haia, destinado por enquanto aos dirigentes políticos hostis aos interesses dos Estados Unidos.

Uma canção de denúncia e de protesto - Alanis Morissette

Por vezes, quando menos se espera, somos sobressaltados por uma mensagem cruel, a lembrar-nos da existência da fome e da miséria em vastas regiões do globo. É o que esta bonita canção nos quer transmitir.

domingo, 21 de junho de 2009

A coligação de Sócrates


Sócrates quer fazer uma coligação com o país. Falta saber se o país quer fazer uma coligação com ele.

Citações: Nietzsche entre a loucura, o amor e a razão...

"Há sempre alguma loucura no amor. Mas também há sempre alguma razão na loucura".

Friedrich Nietzsche
Filósofo alemão (1844-1900)

Irão: Ou vão a bem ou vão a mal! Eis a questão para a América.




No Irão, não está apenas a discutir-se, na violência das ruas ou nas conspirações dos gabinetes, quem vai ganhar este braço de ferro pós-eleitoral. Se serão os ultras do guia espiritual, ayatollah Ali Khmenei, e do presidente Amaadinejad, aos quais se junta o terrível Savati, chefe dos fanatizados Guardas da Revolução, ou se serão os pragmáticos de Rafsanjani, ou do reformista Katami. Discute-se também a aprovação ou a rejeição da próxima guerra, que os Estados Unidos têm na agenda, há muito tempo, se o Irão vier a constituir-se, através da construção de armas nucleares, numa ameaça ao seu incontestável domínio no Médio Oriente.

Dominado o Iraque de Sadam Hussein, com custos elevadíssimos em vidas humanas e bem materiais, falta apenas torcer o pescoço ao país dos ayatollahs, já que a Síria, depois, cairá por si.

É bem visível a oposição dos iranianos aos ayatollahs, oposição que se apoia no descontentamento das classes médias das cidades, e que não enjeitam a possibilidade de um regime ocidentalizado, como alternativa ao radical fundamentalismo do regime teocrático, fundado, em 1979, pelo ayatollaha Khomeini, que consolidou o seu poder, não através de um messianismo redentor, mas mobilizando o povo contra um inimigo externo, o Grande Satã.

E os serviço secretos ocidentais aproveitaram bem esse crescente descontentamento, apoiando todos os movimentos de contestação. Em Abril de 2007, Ray Takyle, do Forcing Affairs, afirmava que os Estados Unidos deviam normalizar as relações com o Irão, apoiando-se nos pragmáticos de Rafsanjani e marginalizando os ultras, os detentores do poder. É o que está a acontecer. Nunca se viu um presidente americano a desdobrar-se em tantas declarações sobre o processo eleitoral de um país estrangeiro, como está a fazer o presidente Obama em relação ao Irão. E a mensagem, uma vez descodificada, é muito simples: ou vão a bem ou, então, irão a mal.

Manhosos!...



"... a nossa querida terra está cheia de manhosos, de manhosos e de manhosos, e de mais manhosos. E numa terra de manhosos não se pode chegar senão a falsos prestígios. É o que há mais agora por aí em Portugal: os falsos prestígios! "

Almada Negreiros

Eu continuo a acreditar que o Almada não chegou a morrer, como ele chegou a anunciar, depois de morto. Ele anda por aí, escondido, a rir-se, que nem um perdido, de todos nós, e a escrever, a despropósito, mensagens destas, desacreditando gente de bem e muito culta.

Curandeiro, que cura qualquer coisa...

Se comerem carne das vacas loucas, se forem acometidos pela trubeculose ou por uma hepatiteazá, e se sofrerem de uma úrsula, já sabem. Este rapaz cura-vos. Aprendeu na Alemanha.

sábado, 20 de junho de 2009

Um Poema ao Acaso (10): Bojudo fradalhão de larga venta- Bocage



Bojudo fradalhão de larga venta


Bojudo fradalhão de larga venta,
abismo imundo de tabaco esturro,
doutor na asneira, na ciência burro,
com barba hirsuta, que no peito assenta:

No púlpito um domingo se apresenta;
prega nas grades espantoso murro;
e acalmado do povo o grão sussurro
o dique das asneiras arrebenta.

Quatro putas mofavam de seus brados
não querendo que gritasse contra as modas
um pecador dos mais desaforados.

“Não (diz uma), tu padre não me engodas;
sempre me há-de lembrar por meus pecados
a noite em que me deste nove fodas!”

Bocage

As mulheres de Botero










Pintor e escultor colombiano, que se celebrizou por ter recusado os estereótipos da beleza feminina nas suas representações da figura da Mulher, optando por formas anatómicas redondas, rotundas e pesadas, a acusar uma nítida inspiração nas figuras pictóricas das civilizações pré-colombianas. São mulheres sem nenhuma carga erótica e que remetem o observador para a ancestralidade da mãe-natureza e para o esplendor da sua fecundidade.
AC

Juiz de instrução adia audições em processo de Valentim Loureiro

Juiz de instrução adia audições em processo de Valentim Loureiro
"O juiz de instrução de Gondomar ... adiou "sine die" a audição de Valentim Loureiro e de outros arguidos no processo da Quinta do Ambrósio, anunciando ainda que pediu transferência para outra comarca. O magistrado disse à agência Lusa que pediu colocação noutra comarca (indicando Braga, Porto e Aveiro, entre as alternativas), o que, a ser aceite, poderá implicar que não conclua a instrução do processo da Quinta do Ambrósio. "Existe essa possibilidade", afirmou o magistrado".
Assim começa a notícia do PÚBLICO, a dar-nos mais um péssimo exemplo de como alguns juízes portugueses gerem a sua autonomia em relação aos outros poderes do Estado. Uma hipotética transferência, já pedida pelo magistrado para uma outra comarca, serve-lhe de justificação para adiar as audições programadas para este mês, o que certamente irá atrasar todo o desenrolar do processo judicial. O argumento que exarou no despacho deixa qualquer cidadão estupefacto. O dito juiz diz de ser de toda a conveniência concentrar temporalmente todas as audições, sem explicar a razão.
Com razão ou sem ela, o cidadão comum ficou a saber que alguns juízes conduzem os processos a seu belo prazer, não se preocupando com a celeridade da Justiça, ou colocando os seus interesses pessoais à frente dos interesses do serviço público, a que estão obrigados. Aqui, os interesses pessoais prendem-se com uma transferência de comarca, já pedida, mas que não se sabe se será aceite. Tomou-se uma decisão assente numa mera probabilidade.
Esperemos que a dita transferência não se concretize, para que que a castanha quente rebente na boca do magistrado, se é que ainda há castanhas.

A Inoportunidade dos grandes projectos



A inoportunidade dos grandes projectos

Em 24 de Maio (clicar na legenda Economia), abordámos aqui a inoportunidade de se avançar com a construção do novo aeroporto de Lisboa e do TGV, argumentando que a actual crise mundial, devido à incerteza da sua duração e à imponderabilidade das suas consequências, aconselharia prudência e ponderação, uma vez que os pressupostos considerados nos estudos de viabilidade económica e financeira, anteriormente efectuados, tinham sido profundamente alterados.
Esta questão ganhou novamente actualidade com a posição assumida por um numeroso grupo de destacados economistas portugueses, abrangendo um alargado espectro político, que aconselham o executivo a não avançar com a construção daqueles projectos, antes de se reformularem novamente as suas vantagens num quadro temporal mais alargado, ao mesmo tempo que denunciam a sua "baixa ou nula rentabilidade" e a sua fraca capacidade em induzir "a criação de emprego em Portugal".
Se o governo de José Sócrates insistir nesta cega aventura, ficará demonstrada a sua extrema dependência em relação aos interesses ocultos dos grandes grupo económicos, e adquirirão uma maior visibilidade as razões da nomeação de dois antigos ministros das Obras Públicas, um do PSD e outro do PS, para presidentes dos conselhos de administração de duas importantes empresas nacionais, a quem convinha indubitavelmente a implementação destes mega-projectos.

sexta-feira, 19 de junho de 2009

Copianço no exame

As cábulas estavam erradas!...

Exame para atrasados mentais!...

Retirada do blogue Câmara de Comuns

Fácil, simples,básica! Foi com estas palavras que alguns alunos da Escola José Gomes Ferreira, em Lisboa, se referiram à prova de Língua Portuguesa do 9º ano. Um deles até se atreveu a classificá-la como uma prova para atrasados mentais, referência esta que, possívelmente, deixou em polvorosa o ministério de Maria de Lurdes Rodrigues.
Não consta que estes alunos saibam o que é uma campanha negra!...

Temos Presidente!...

Fotografia do PÚBLICO

José Eduardo Moniz já fez saber que, para as próximas eleições presidenciais, irá fazer também uma proclamação ao país, através das televisões generalistas, a transmitir em simultâneo, para afirmar que não se candidatará ao mais alto cargo do Estado.

http://desporto.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1387563&idCanal=4740

quinta-feira, 18 de junho de 2009

Jogada combinada

Nunca Cavaco Silva, no seu modesto percurso presidencial, se tinha comprometido tanto com o PSD, o seu partido de eleição. As coincidentes posições que assumiram em relação à simultaneidade das eleições legislativas e das autárquicas evidenciam um tacitismo rasteiro que desprestigiam ambos. A mistura redutora das duas campanhas empobreceria a clarificação necessária das diferentes propostas partidárias a nível local e nacional, prejudicando o processo de escolha.
http://ultimahora.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1387334&idCanal=23

No sucesso escolar somos os melhores!...




A auto-estima dos portugueses subiu em flecha, quando se soube que noventa por cento dos alunos do 4º e 6º anos da escolaridade tiveram nota positiva a Matemática e a Português nas provas de aferição. Um futuro radioso espera essas crianças! E assim se constróiem os amanhãs que cantam.

Benfica: Última hora


Momento em que José Sócrates foi informado que Manuela Moura Guedes poderia avançar para a candidatura à presidência do Benfica, em vez de José Eduardo Moniz.
http://desporto.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1387457&idCanal=4740

Trapalhadas com a produção em série...

Ainda não domino a técnica de editar vídeos, directamente do You Tube. Por isso, têm de se contentar com a hiperligação. Vale a pena.

http://www.youtube.com/watch?v=kreG5FTsGwQ

Indisciplina desportiva

Perdeu-se um grande jogador de boxe.

Um Poema ao Acaso (9): Veio Muley-Achemet Marroquino-Bocage



VEIO MULEY-ACHEMET MARROQUINO

Veio Muley – Achemet marroquino
Com duros trigos entulhar Lisboa;
Pagava bem, não houve moça boa
Que não provasse o casco adamantino

Passou a um seminário feminino,
Dos que mais providos se apregoa,
Onde a um frade bem fornida ilhoa
Dava d’ esmola cada dia um pino

Tinha o mouro fodido largamente,
E já basofiando com desdouro
Tratava a nação lusa d’ impotente

Entra o frade, e ao ouvi-lo, como um touro
Passou tudo a caralho novamente,
E o triunfo acabou no cu do mouro.

Bocage

A China numa nova encruzilhada...


A China poderá salvar o mundo da depressão?
Pretender que as áreas rurais da China sirvam como plataforma de arranque para a recuperação nacional e global exigiria uma viragem fundamental de políticas, e o governo teria de ir contra os interesses, locais e externos, que se cristalizaram em volta da estratégia da industrialização orientada para as exportações e dependente de capitais externos.
Walden Bello* - 15.06.09

Virá a China a ser o «pólo de crescimento» que pode arrancar o mundo às garras da depressão? Esta pergunta passou a ser um tema favorito desde que a heróica classe média dos consumidores americanos, sobrecarregada por uma dívida esmagadora, deixou de ser o estímulo fundamental para a produção global.Embora a taxa de crescimento do PIB da China tenha descido para 6,1% no primeiro trimestre – o mais baixo em quase dez anos – os optimistas descortinam “vislumbres de recuperação” numa explosão de 30% no investimento em activos fixos urbanos e num salto da produção industrial em Março. Estes indicadores são prova, dizem eles, do êxito do programa de estímulo chinês de 586 mil milhões de dólares – que, em relação ao PIB, é proporcionalmente muito maior do que o pacote da administração Obama de 787 mil milhões de dólares.
A Zona Rural como Rampa de Lançamento para a Recuperação?
À medida que as áreas urbanas do litoral da China, orientadas para a exportação, sofrem prejuízos com o colapso da procura global, muita gente, dentro e fora da China, vira as esperanças de uma recuperação global para a zona rural chinesa. Uma boa parte do pacote de estímulo de Beijing é destinada a infra-estruturas e despesas nas áreas rurais. O governo está a distribuir 20 mil milhões de yuans (3 mil milhões de dólares) em subsídios para ajudar os residentes rurais a comprar televisões, frigoríficos e outros equipamentos domésticos.Mas, perante a redução da procura de exportações, será que esta estratégia de apoiar a procura rural funcionará como motor para a maciça máquina industrial do país?Há razões para cepticismo. Por um lado, mesmo quando a procura de exportações estava em alta, já 75% das indústrias chinesas estavam com problemas de excesso de capacidade. Por exemplo, antes da crise, a capacidade total da indústria automóvel foi projectada para produzir 100% mais de veículos do que os que podiam ser absorvidos num mercado em crescimento. Nos últimos anos, os problemas de excesso de capacidade provocaram a redução para metade da taxa do crescimento anual de lucros em todas as grandes empresas.Mas há um outro problema, ainda maior, na estratégia de tornar a procura rural num substituto para os mercados de exportação. Mesmo que Beijing lhe introduza mais uma centena de milhares de milhões de dólares, o pacote de estímulo não contrariará provavelmente de modo significativo o impacto depressivo duma política com 25 anos de sacrificar a zona rural em prol de um crescimento industrial orientado para a exportação, com uma base urbana. As implicações para a economia global são enormes.
A subordinação da agricultura à indústria
Ironicamente, a ascensão da China nos últimos 30 anos começou com as reformas rurais que Deng Xiaoping iniciou em 1978. Os camponeses queriam acabar com as comunas da era de Mao, e Deng e os seus reformadores satisfizeram-nos introduzindo o “sistema de responsabilidade do contrato familiar”. Segundo este sistema, cada agregado familiar recebeu um bocado de terra para cultivar. O agregado familiar podia guardar o que sobrava da produção depois de vender ao estado uma proporção fixa a um preço estipulado pelo estado, ou pagando uma taxa em dinheiro. O restante podia ser consumido ou vendido no mercado. Foram os anos tranquilos dos camponeses. O rendimento rural subiu em média mais de 15% ao ano, e a pobreza rural caiu de 33% para 11% da população.Mas esta idade de ouro dos camponeses chegou ao fim quando o governo adoptou uma estratégia de industrialização orientada para a exportação e baseada na orla costeira, pressupondo uma rápida integração na economia capitalista global. Esta estratégia, que foi desencadeada no 12º Congresso do Partido Nacional em 1984, na prática construiu a economia industrial urbana em cima dos “ombros dos camponeses”, como definiram os especialistas rurais Chen Guidi e Wu Chantao. O governo apostou na acumulação do capital primitivo nomeadamente por meio de políticas que reduziram fortemente os excedentes dos camponeses.As consequências desta estratégia de desenvolvimento industrial orientado para as cidades foram brutais. O rendimento camponês, que tinha crescido 15,2% por ano, de 1978 a 1984, caiu para 2,8% por ano, de 1986 a 1991. No início dos anos 90 assistiu-se a uma pequena recuperação, mas a estagnação do rendimento rural foi marcante durante a última parte da década. Em contraste, o rendimento urbano, já mais alto do que o dos camponeses em meados dos anos 80, foi em média seis vezes maior do que o rendimento dos camponeses em 2000.A estagnação do rendimento rural foi provocada por políticas que favoreceram a subida dos custos dos produtos industriais para a agricultura, a descida dos preços para os produtos agrícolas e o aumento de impostos, tudo isso combinado para transferir o rendimento do campo para a cidade. Mas o principal mecanismo para subtrair os excedentes aos camponeses foi os impostos. Em 1991, os organismos estatais centrais lançaram impostos sobre os camponeses em 149 produtos agrícolas, mas isso veio a provar-se ser apenas uma parte duma fatia muito maior, quando os níveis mais baixos de governo começaram a lançar as suas próprias taxas, honorários e encargos. Actualmente, os diversos níveis de governo rural impõem um total de 269 tipos de taxas, juntamente com todo o tipo de encargos administrativos arbitrariamente impostos.Supostamente, as taxas e honorários não devem exceder 5% do rendimento de um lavrador, mas normalmente o seu valor total real é muito maior. Alguns inquéritos do Ministério da Agricultura relataram que a carga fiscal do camponês é de 15% – o triplo do limite nacional oficial.O aumento dos impostos talvez pudesse ter sido suportável se os camponeses recebessem em troca melhores cuidados de saúde, melhor instrução pública e mais infra-estruturas agrícolas. Na ausência desses benefícios tangíveis, os camponeses vêem que as suas receitas estão a subsidiar o que Chen e Wu descrevem como o “crescimento monstruoso da burocracia e a proliferação do número de funcionários” cuja função parece ser apenas a de os sugar cada vez mais.Além de estarem sujeitos a preços de produtos para a agricultura mais altos, a preços mais baixos para as suas produções, e a impostos mais pesados, os camponeses têm suportado o peso do foco urbano-industrial da estratégia económica de outras formas. Segundo um relato, “40 milhões de camponeses foram expulsos das suas terras para dar lugar a estradas, aeroportos, barragens, fábricas e outros investimentos públicos e privados, e todos os anos há mais um milhão que é desalojado”. Outros investigadores citam um número muito mais alto de 70 milhões de agregados familiares, o que significa, se calcularmos 4,5 pessoas por agregado familiar, em 2004, que a apropriação de terras desalojou 315 milhões de pessoas.
Impacto da liberalização do comércio
O compromisso feito pela China de eliminar as quotas agrícolas e reduzir as tarifas, quando aderiu à Organização Mundial do Comércio em 2001, pode ainda minimizar o impacto de todas as mudanças anteriores por que os camponeses passaram. O custo da admissão da China está a revelar-se enorme e desproporcionado. O governo esmagou a tarifa agrícola média de 54 para 15,3%, em comparação com a média mundial de 62%, levando a que o ministro do comércio se gabasse (ou se lamentasse): “Nenhum membro da história da OMC fez um corte tão drástico [nas tarifas] num período de tempo tão curto”. O acordo com a OMC reflecte as prioridades actuais da China. Se o governo optou por pôr em risco grandes sectores da sua agricultura, tais como o feijão de soja e o algodão, fê-lo para abrir ou manter abertos os mercados globais para as suas exportações industriais. As consequências sociais deste negócio ainda estão por se fazer sentir totalmente, mas os efeitos imediatos têm sido alarmantes. Depois de anos a ser um exportador líquido de alimentos, a China registou em 2004 um défice no seu comércio agrícola. As importações de algodão subiram em espiral de 11.300 toneladas em 2001 para 1,98 milhões de toneladas em 2004, um aumento de 175 vezes. Os agricultores chineses de cana-de-açúcar, de feijão de soja e principalmente de algodão ficaram destruídos. Em 2005, segundo Oxfam Hong Kong, as importações de algodão americano barato provocaram uma perda de receitas aos camponeses chineses de 209 milhões de dólares, juntamente com 720.000 postos de trabalho. A liberalização do comércio provavelmente também contribuiu para o dramático abrandamento da redução da pobreza entre 2000 e 2004.·
O fim do regime de propriedade
Nos últimos anos, a prioridade dada à transformação capitalista da zona rural para fomentar a industrialização orientada para as exportações levou o partido a promover não apenas a liberalização do comércio agrícola mas o abandono de um regime de propriedade semi-socialista que favorece os camponeses e os pequenos agricultores. Isso implica o abrandamento dos controlos públicos sobre as terras a fim de passar para um regime total de propriedade privada. A ideia é permitir a venda dos direitos às terras (criação de um mercado de terras) a fim de que os produtores mais “eficientes” possam expandir as suas propriedades. Nas palavras eufemísticas de uma publicação do Departamento de Agricultura dos EU, a “China está a fortalecer os direitos dos agricultores – embora hesite em permitir a posse total da terra – e assim os agricultores podem alugar a sua terra, consolidar as suas propriedades e conseguir maior eficiência em dimensão e em escala”.Esta liberalização dos direitos às terras passou pela aprovação da Lei do Arrendamento Agrícola em 2003, que reduziu a capacidade das entidades aldeãs para redistribuir a terra e deu aos agricultores o direito a herdar e a vender propriedades alugadas de terra arável por 30 anos. Com a compra e venda dos direitos à utilização das terras, o governo restabeleceu basicamente a propriedade privada de terras na China. Ao falar de “quintas familiares” e de “agricultores de grande escala”, o Partido Comunista Chinês sancionou, de facto, uma via de desenvolvimento capitalista para suplantar outra que se baseara na agricultura camponesa de pequena escala. Conforme descreveu um defensor da nova política, “A reforma criará uma economia de escala – aumentando a eficiência e baixando os custos de produção agrícola – e também resolverá o problema das terras abandonadas pelos que migram para as cidades”.Apesar da garantia do Partido de que estava a institucionalizar os direitos dos camponeses à terra, muitos deles recearam que a nova política viesse legalizar o processo de apropriação ilegal de terras que estava a ocorrer em grande escala. Isso irá criar, alertaram eles, “meia dúzia de senhores das terras e muitos camponeses sem terras que deixarão de ter meios de subsistência”. Dada a turbulenta transformação da zona rural provocada noutros países pela libertação desenfreada das relações capitalistas de produção, estes receios não deixavam de ter razão.Em resumo, distribuir dinheiro para fazer aumentar a procura rural não parece ser solução para combater as poderosas estruturas económicas e sociais criadas pela industrialização orientada para as exportações à custa do desenvolvimento da zona rural. Estas políticas contribuíram para uma maior desigualdade entre os rendimentos urbano e rural e atrasaram a redução da pobreza nas áreas rurais. Pretender que as áreas rurais da China sirvam como plataforma de arranque para a recuperação nacional e global exigiria uma viragem fundamental de políticas, e o governo teria de ir contra os interesses, locais e externos, que se cristalizaram em volta da estratégia da industrialização orientada para as exportações e dependente de capitais externos.Nos últimos anos Beijing tem falado muito sobre um “Novo Acordo” para a zona rural. Mas há poucos indícios de que tenha a vontade política de adoptar políticas que poderiam traduzir a sua retórica em realidade. Portanto, não se espere que Beijing salve a economia global tão depressa.
* Walden Bello é analista e ex-director executivo do Instituto de Investigação e Activismo para o Sul Global, com sede em Banguecoque e vice-presidente do Fórum Social Mundial
Este texto foi publicado em www.zmag.org/znet/viewArticle/21574
Tradução de Margarida Ferreira
In ODiário.info